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5 Bibliotecas Municipais, Espaços de Cultura entre Paredes com História

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Hoje destacamos 5 Bibliotecas Municipais das dezoito espalhadas por Lisboa. Uma visita a uma biblioteca não se destina exclusivamente a uma consulta bibliográfica. Apresentamos-lhe uma perspectiva diferente destes espaços de cultura que se encontram instalados em edifícios com história.

As Bibliotecas Municipais são equipamentos que dependem das Juntas de Freguesia ou directamente da Câmara Municipal de Lisboa, que disponibilizam serviços gratuitos de consulta e empréstimo de livros, revistas e jornais, assim como, computadores e ligação à internet.

Hoje em dia, têm um papel muito dinâmico. Para além da sua função inerente, contam com programação cultural como exposições, workshops e outras actividades, muitas delas dedicadas às crianças.

São instituições de proximidade dos cidadãos, pontos de referência no acesso ao conhecimento que, com grande dinamismo e criatividade, procuram promover a construção de uma sociedade inclusiva, livre e responsável.

As 5 Bibliotecas Municipais de que vamos falar encontram-se, todas elas, instaladas em edifícios com histórias peculiares e elementos decorativos ou arquitectónicos que merecem um olhar mais atento.

Faça uma visita guiada às zonas históricas de Lisboa e conheça locais imperdíveis desta magnífica cidade.

 

Biblioteca de São Lázaro

Biblioteca Municipal de São Lázaro, sala de leitura
Biblioteca de São Lázaro

Situada no n.º 1 da Rua do Saco na Colina de Santana, encontramos a primeira Biblioteca Municipal aberta a toda a população em 1883. Esta novidade resulta da iniciativa de José Elias Garcia (1830-1891), um visionário republicano que foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Político, militar, professor, jornalista e Grão Mestre da Maçonaria foi sem dúvida uma personalidade relevante no panorama cultural português do século XIX.

Esta biblioteca, localizada num edifício de estilo neoclássico funcional destinado a ser ocupado por uma escola primária, conta com uma sala de leitura preciosa. O seu equipamento integrado na arquitectura constitui um todo, as paredes são totalmente revestidas de estantes de madeira nobre. O pé direito alto permite a existência de uma mezzanine com varandim trabalhado de ferro a que se tem acesso por uma pequena escada de caracol. A bela sala convida à permanência, à reflexão e à introspecção.

Mas a maior particularidade do espaço é o seu formato pentagonal que é acentuado pelas cinco mesas de leitura que, colocadas paralelamente às paredes, formam um grande pentágono no centro da sala. Esta forma pouco convencional é facilmente explicada se contextualizada no universo maçónico e na simbologia do número cinco.

O número cinco é considerado, desde os primeiros filósofos, como o número da união, da harmonia e do equilíbrio. O quinto elemento consiste na vitalidade que anima os quatro elementos primários, água, terra, fogo e ar. É o “sopro de Deus” que anima os seres, os torna pensantes e através do conhecimento passíveis de desenvolvimento.

E não é a divulgação de conhecimentos e o consequente desenvolvimento dos indivíduos singulares e colectivos o propósito de um espaço de cultura como uma biblioteca?

 

Biblioteca Palácio Galveias

Biblioteca Palácio Galveias
Biblioteca Palácio Galveias

Localizada em pleno Campo Pequeno nas Avenidas Novas, hoje uma das zonas mais centrais da cidade de Lisboa, esta biblioteca ocupa o palácio Galveias, um magnífico exemplar da arquitectura palaciana de meados do século XVII.

Trata-se de um edifício imponente, de gosto francês, de planta em U. Esta é fechada por um muro que apresenta um grande portão e dois janelões gradeados com molduras e coroamentos ricamente esculpidos. Um grande jardim murado nas traseiras do edifício é o que resta da vasta quinta dos Marqueses de Távora que aqui veranearam até à sua expropriação em 1759, decorrente do famoso e polémico processo que os condenou à morte acusados de traição ao rei.

Em 1801 João de Almeida de Melo e Castro, 5.º Conde das Galveias, adquiriu o imóvel e levou a cabo obras de restauro. Foi então que o nome Galveias entrou na história do edifício, assim permanecendo até à actualidade. No final do século XIX o palácio foi novamente comprado desta vez por um capitalista rico, Braz Simão, tendo sido abandonado algum tempo depois.

Será em 1928 que passará para a posse da Câmara Municipal de Lisboa que lhe dará o destino de Arquivo, Biblioteca e Museu. As instalações, inauguradas em 1931 após alguns restauros e adaptações às novas funções que em muito alteraram o interior mas que respeitaram em geral o exterior do edifício, mantiveram-se em funcionamento até 2015. Foram então necessários dois anos para que uma nova intervenção particularmente cuidada de restauro devolvesse aos cidadãos em Junho de 2017, um património artístico relevante recuperado e um espaço funcional reabilitado com mais valências e conforto.

 

Biblioteca dos Coruchéus

Biblioteca dos Coruchéus

Das histórias das 5 Bibliotecas Municipais, a do Palácio dos Coruchéus é a mais misteriosa. Trata-se de um edifício tipo solar de quinta que se pensa ter origem também no século XVII e que algumas fontes romanceiam como tendo sido construída a mando de Filipe II de Portugal a fim de alojar uma sua amada. Não parece fazer muito sentido que o rei, que apenas permaneceu uns meses em Lisboa no ano de 1619, tivesse essa necessidade mas esse mito dá à casa algum charme.

Mais certo é que o edifício terá sofrido bastante com o terramoto de 1755, tendo então enfrentado grandes transformações após a tragédia. Talvez nessa altura tenha perdido os coruchéus que apenas persistem no nome, remate arquitectónico em forma de telhado de 4 águas ou cónico, dos quais já não restam vestígios. O edifício de planta em L possui painéis de azulejos azul e branco, da 2.ª metade do século XVIII, onde ricas molduras envolvem cenas bucólicas e albarradas, grandes jarrões de flores.

Após um século XIX atribulado em que o imóvel passou por vários proprietários, acabou em 1945 por ser adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa, período da construção do grande projecto urbanístico de Alvalade que agora envolve os Coruchéus.

Até à década de 60 serviu como armazém e em 1966 após outras intenções falhadas deu-se início ao projecto de construção de um Centro de Artes Plásticas que viria a ser inaugurado em 1971. Desde 2013 aqui funciona uma das Bibliotecas Municipais.

 

Biblioteca Camões

Biblioteca Camões

O edifício onde se encontra a Biblioteca Camões foi igualmente um palácio, situado no centro histórico da cidade, no Largo do Calhariz a fazer esquina com a Rua da Bica Duarte Belo. A sua origem remonta a uma casa do século XV que serviu também de morada à família Távora, entre outras.

Contudo, o actual edifício corresponde a uma total reconstrução após o terramoto de 1755. Durante o século XIX e até 1922 a casa pertenceu à família Azambuja, daí o seu nome de Palácio dos Condes de Azambuja.

O edifício exibe uma fachada imponente, rematada por um óculo rodeado por motivos vegetalistas em baixo-relevo.

Nas primeiras décadas do século XX o edifício foi alvo de diversas modificações de modo a permitir a abertura de lojas comerciais, tendo ainda sido sede do jornal diário republicano A Lucta.

Nessa altura, terão trazido de um palácio em Almada, os grandes silhares de azulejos que revestem a entrada. Estes constituem uma das principais atracções actuais do edifício que pode ser facilmente apreciada por quem por ali passa. Tratam-se de painéis azul e branco, onde sobre um friso que simula caixotões encontramos a representação de cenas galantes divididas por simulações de colunas rematadas por albarradas recortadas. São ainda de destacar os estuques relevados que embelezam a escadaria que dá acesso à biblioteca.

 

Biblioteca de Belém

Biblioteca de Belém

No n.º 295 da Rua da Junqueira, na Zona Ocidental de Lisboa, encontramos a Biblioteca Municipal de Belém que aqui está instalada desde 1965. Trata-se do prolongamento poente do palácio dos Marqueses de Angeja, ala setecentista mandada construir pelo 3.º Marquês de Angeja, Pedro José de Noronha Camões de Albuquerque Moniz e Sousa (1716-1788).

Este estadista, que após o afastamento do ministro Marquês de Pombal obteve todos os cargos e honras mas a quem não se conhece obra de interesse público, aqui reuniu uma importante colecção de curiosidades. A sua intenção, que nunca se veio a concretizar, seria criar um Museu de História Natural num anexo à sua casa de veraneio no Lumiar, local onde hoje se encontra o Museu Nacional do Traje.

Do que não se livrou foi do escárnio popular que reagiu após a sua decisão de cancelar todas as obras de reconstrução de Lisboa planeadas pelo controverso ministro de D. José. Dizia então o povo que mal por mal antes Pombal.

A casa foi vendida em 1910 e convertida em prédio de rendimento. Mais tarde foi o Colégio de Stella Maris, instituição destinada a familiares de pescadores da frota bacalhoeira, tendo sido adquirida em 1962 pela Câmara Municipal de Lisboa e adaptada a Biblioteca.

 

Agora que ficou a saber mais da história e das estórias destes magníficos espaços convidamo-lo a visitar e frequentar, para além das 5 Bibliotecas Municipais destacadas por nós, todas as outras bibliotecas de Lisboa. São equipamentos gratuitos, abertos a todos de todas as idades, onde a cultura, o lazer e o património se encontram de mãos dadas. Para mais informações consulte o website das Bibliotecas de Lisboa.

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