Arte Pública do Jardim do Campo Grande: obra escultórica de 1949 da autoria de Canto da Maia (1890-1981). Trata-se de uma peça de gosto Art Déco, um nu de corpo inteiro que representa uma elegante e sensual figura feminina que se vê ao espelho.

Arte Pública do Jardim do Campo Grande: Roteiro

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Tem ideia da diversidade de arte pública do Jardim do Campo Grande em Lisboa? Preparámos-lhe um roteiro sobre cada uma das peças que pode apreciar neste agradável e histórico espaço verde.

Faça uma visita guiada às zonas históricas de Lisboa e conheça locais imperdíveis desta magnífica cidade.

A Arte Pública do Jardim do Campo Grande

O Jardim do Campo Grande foi reabilitado e rebaptizado em 2018 de Jardim Mário Soares mas continua mais conhecido dos lisboetas pela sua antiga designação.

As obras, que então tiveram lugar, permitiram requalificar edifícios e equipamentos, instalar novos recursos e redesenhar espaços verdes.

Esta extensa área, de cerca de 13 hectares dividida pela Av. do Brasil em duas zonas (norte e sul), tornou-se um recinto muito aprazível e cheio de vida.

Iniciamos o nosso roteiro da arte pública do Jardim do Campo Grande a partir do topo norte, junto ao Museu de Lisboa.

Estátuas de D. Afonso Henriques e D. João I

Trata-se de duas grandes esculturas de pedra que retratam o primeiro rei de Portugal e o fundador da Dinastia de Aviz. Foram realizadas em 1950 pelo escultor Leopoldo de Almeida (1898-1975).
Estátuas de D. Afonso Henriques e de D. João I, de Leopoldo de Almeida

Aqui estão implantadas duas grandes esculturas de pedra que retratam  o primeiro rei de Portugal e o fundador da Dinastia de Aviz.

Contudo, esta não é a sua localização original.

Realizadas em 1950 pelo escultor Leopoldo de Almeida (1898-1975) para serem colocadas no átrio do edifício dos Paços do Concelho de Lisboa, ali permaneceram até ao grande incêndio de 1996.

No ano seguinte foram transferidas pela CML – Câmara Municipal de Lisboa para o local actual, tendo sido reinauguradas no dia 31 de Agosto.

Leopoldo de Almeida é também autor das estátuas de Oliveira Martins e de António Feliciano de Castilho, ambas abordadas nos dois artigos sobre A Escultura da Av. da Liberdade.

Busto de Rafael Bordalo Pinheiro

Arte Pública do Jardim do Campo Grande: Busto de Rafael Bordalo Pinheiro da autoria de Raul Xavier. Este é constituído por um busto com uma base quadrada decorada, em bronze, que assenta num plinto de pedra, de onde se destaca uma palma também em bronze. As decorações remetem-nos para o universo do artista plástico. Na frente a representação da República, na parte posterior a figura do Zé Povinho e nas laterais os gatos.
Busto de Rafael Bordalo Pinheiro da autoria de Raul Xavier

Mesmo em frente ao Museu Bordalo Pinheiro, podemos observar um monumento de homenagem ao artista que lhe deu nome.

Este é constituído por um busto com uma base quadrada decorada, em bronze, que assenta num plinto de pedra, de onde se destaca uma palma também em bronze.

As decorações remetem-nos para o universo do artista plástico. Na frente a representação da República, na parte posterior a figura do Zé Povinho e nas laterais os gatos.

Esta obra, inaugurada a 20 de Março de 1921, é da autoria do ainda muito jovem escultor Raul Xavier (1894-1964) e do arquitecto José Alexandre Soares.

Nesta peça o escultor revela influência do seu mestre Costa Motta (Tio).  Mais tarde irá enveredar por uma estética mais modernista da qual é exemplo a estátua de São Vicente implantada no Miradouro das Portas do Sol, em Alfama.

Leia também sobre dois dos projectos do arquitecto José Alexandre Soares: o coreto da Praça José Fontana, construído nos finais da década de 80 do séc. XIX e os quiosques WC de Lisboa de 1913.

Painel Cerâmico Relevado

Painel no Edifício Caleidoscópio, no Jardim do Campo Grande de Maria Emília Silva Araújo. Todo o painel apresenta um grande dinamismo: figuras em movimento; vibrante contraste cromático de cores quentes e frias; relevos que originam fragmentos de cor e forma, um efeito visual comparável ao produzido por um caleidoscópio.
Painel cerâmico, de Maria Emília Silva Araújo

Caminhemos para sul até ao Edifício Caleidoscópio. A sua fachada apresenta, em termos de dimensões, a maior de todas as obras de arte pública do Jardim do Campo Grande. Um painel da ceramista Maria Emília Silva Araújo (1940) que já foi, por nós, abordado no artigo 5 Painéis Cerâmicos Relevados em Lisboa.

Esculturas da Casa do Lago 

Mais à frente encontra-se a peculiar Casa do Lago, um restaurante com uma belíssima esplanada. Daqui tem uma vista deslumbrante sobre o lago, onde é possível andar de barco a remos, uma experiência incomum no meio da cidade.

Neste local temos duas obras de arte distintas, ambas de cantaria.

Arte pública do Jardim do Campo Grande: Em primeiro lugar, logo à entrada dois potros ladeiam as escadas de acesso ao restaurante. Foram realizados em 1946 pelo escultor António Rocha Correia (1919-1996). A segunda obra escultórica é de 1949 da autoria de Canto da Maia (1890-1981). Trata-se de uma peça de gosto Art Déco, um nu de corpo inteiro que representa uma elegante e sensual figura feminina que se vê ao espelho.
Potros, de António Rocha Correia e versão em pedra de La Femme au Miroir, de Canto da Maia

Em primeiro lugar, logo à entrada dois potros ladeiam as escadas de acesso ao restaurante. Foram realizados em 1946 pelo escultor António Rocha Correia (1919-1996).

A segunda obra escultórica é de 1949 da autoria de Canto da Maia (1890-1981). Trata-se de uma peça de gosto Art Déco, um nu de corpo inteiro que representa uma elegante e sensual figura feminina que se vê ao espelho.

Esta será uma versão de La Femme au Miroir, em bronze, que actualmente integra a colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.

Monumento ao Jardineiro da Cidade

Esta escultura abstracta, de 1985, é da autoria de Soares Branco (1925-2013) e o projecto do plinto do arquitecto Eduardo Martins Bairrada (1930- 1987). A escultura é composta por materiais diversos, entre os quais lâminas de enxadas que formam um arco, simbolizando o movimento e a força com que o jardineiro prepara a terra para plantação.
Monumento ao jardineiro da cidade, de Soares Branco

Já no final da zona norte, junto à Avenida do Brasil, tem lugar uma discreta homenagem ao jardineiro da cidade promovida pela CML. 

Esta escultura abstracta, de 1985, é da autoria de Soares Branco (1925-2013) e o projecto do plinto do arquitecto Eduardo Martins Bairrada (1930- 1987).

A escultura é composta por materiais diversos, entre os quais lâminas de enxadas que formam um arco, simbolizando o movimento e a força com que o jardineiro prepara a terra para plantação.

Memorial Speakers Corners

Este memorial, inaugurado no dia 25 de Abril de 2018, evoca Mário Soares (1924-2017), importante figura política portuguesa que aqui viveu e passeou ao longo de toda a sua vida.
Memorial Speakers Corners, de Henrique Cayatte

Depois de atravessar a Avenida do Brasil, alcançamos a zona sul do jardim.

Aqui um memorial, inaugurado no dia 25 de Abril de 2018, evoca Mário Soares (1924-2017), importante figura política portuguesa que aqui viveu e passeou ao longo de toda a sua vida. 

Trata-se de um projecto do designer Henrique Cayatte (1957) que, através de um púlpito colocado numa área circular, nos remete para a ideia do uso do discurso livre. No chão palavras soltas recordam o homenageado que lutou pela democracia: universalista, exilado, preso…

Painel de Azulejo

Painel de azulejo da autoria de João Lopes Segurado. É uma composição formada por elementos florais e vegetalistas, predominantemente em tons de azul. Mede 5,04m de comprimento por 0,98m de altura e é composto por 252 azulejos.
Painel de azulejo, de João Lopes Segurado

Junto ao actual centro desportivo está preservado um painel de azulejos que decorava a entrada do antigo edifício das piscinas municipais.

Este painel, de 1965, tem a assinatura do ceramista João Lopes Segurado (n.1920). É uma composição formada por elementos florais e vegetalistas, predominantemente em tons de azul. Mede 5,04m de comprimento por 0,98m de altura e é composto por 252 azulejos. 

Escultura A Infância 

Esta escultura em bronze, de 1992 é da autoria do artista, cartoonista Samuel Torres de Carvalho (1924-1993), mais conhecido por Sam. Estamos perante uma personagem insuflada de grandes dimensões que se apresenta como uma caricatura em 3D, meio homem meio mulher, com um grande nariz e uns enormes seios que jorram água para um lago.
Escultura A Infância, de Sam

Esta escultura em bronze de 1992 é da autoria do artista, cartoonista Samuel Torres de Carvalho (1924-1993), mais conhecido por Sam.

Aqui o seu tradicional desenho dá lugar à volumetria sem abandonar o humor e o sentido crítico que caracterizavam este artista.

Estamos perante uma personagem insuflada de grandes dimensões que se apresenta como uma caricatura em 3D, meio homem meio mulher, com um grande nariz e uns enormes seios que jorram água para um lago.

Escultura Menino com Gamela

Trata-se de uma escultura de pequena dimensão (c.65cm de altura) que representa um menino agachado e torcido que agarra uma gamela com as duas mãos. Data de 1948 e tem a assinatura de Maximiano Alves (1888-1954).
Menino com Gamela, de Maximiano Alves

Junto ao parque infantil somos surpreendidos por uma escultura de pequena dimensão (c.65cm de altura) que representa um menino agachado e torcido que agarra uma gamela com as duas mãos. 

Data de 1948 e tem a assinatura de Maximiano Alves (1888-1954). 

Este escultor é também autor do Monumento aos Mortos da Grande Guerra de que lhe falámos em A Escultura da Av. da Liberdade – Poente. O mesmo é ainda responsável pela Estátua de Ferreira do Amaral, abordada no artigo 7 Sinais de Macau em Lisboa e pelo Monumento a França Borges presente em Arte Pública no Jardim do Príncipe Real.

Bustos de Luísa Todi e António Pedro

A cantora lírica, Luísa Todi (1753-1833), representada por uma réplica de um busto de bronze desaparecido, inaugurado a 9 de Janeiro de 1957, da autoria de Joaquim Martins Correia (1910-1999). E o actor dramático português António Pedro de Sousa (1836-1889), retratado em bronze pelo escultor Costa Motta - sobrinho (1877-1956), datado de 1959.).
Busto de Luísa Todi, de Joaquim Martins Correia e busto de António Pedro de Sousa, de Costa Motta (sobrinho)

Próximo do extremo sul do Jardim do Campo Grande têm lugar dois bustos de importantes figuras das artes de palco portuguesas que a CML quis homenagear: Luísa Todi e António Pedro de Sousa.

O monumento de homenagem à famosa cantora lírica Luísa Todi (1753-1833), da autoria do escultor Martins Correia (1910-1999), foi concebido para ser colocado no Largo do Teatro São Carlos, ao Chiado. Contudo, acabou por ser inaugurado neste jardim, no dia 9 de Janeiro de 1957, dia do aniversário da cantora.

O busto em bronze assentava num painel de pedra escura onde as imagens de quatro figuras femininas que nos remetem para a Grécia Antiga, se encontravam gravadas e avivadas a ouro.

O busto foi roubado e a CML tratou de o substituir por uma cópia. Já o painel hoje não deixa perceber a beleza das figuras que encerra, uma verdade que deveria ser reposta.

Quanto ao  actor dramático português António Pedro de Sousa (1836-1889), a homenagem de 1959, consiste num busto em  bronze da autoria do escultor Costa Motta – sobrinho (1877-1956).


Chegámos ao fim deste roteiro da arte pública do Jardim do Campo Grande, em que atravessámos um século de memória, através de obras de artistas portugueses de épocas e estilos diferentes.

Ao longo de todo o jardim foi ainda instalado pela CML, equipamento lúdico relacionado com o conhecimento Matemático. Saiba tudo em Há Matemática no Jardim do Campo Grande.

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