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No mês em que celebramos a Liberdade, trazemos até si o Museu da GNR (Museu da Guarda Nacional Republicana), instalado no Quartel do Carmo, uns dos decisivos locais da Revolução dos Cravos, em pleno centro histórico de Lisboa.
O importante espólio e excelente qualidade expositiva deste museu permitem-nos percorrer a história, desde as origens do antigo Convento do Carmo e do seu fundador, o terramoto de 1755 e a emergência das primeiras forças antecessoras, até à criação da Guarda Nacional Republicana.
E é a localização deste museu que nos faz recuar ao determinante dia 25 de Abril de 1974.
No interior do Quartel do Carmo, sede do comando-geral da GNR, bastião de defesa do poder ditatorial, refugiaram-se importantes membros do governo. No exterior, militares revolucionários e uma multidão de populares, lado a lado, com as chaimites, esperavam em expectante euforia o desenvolvimento dos acontecimentos. Após algumas horas de tensão, teve lugar a rendição do Presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano, pondo fim, assim, à longa ditadura do Estado Novo.
De Convento a Quartel
A construção do antigo Convento de Santa Maria do Carmo remonta ao séc. XIV, impulsionado pela vontade e devoção religiosa do seu fundador, o Condestável do reino, D. Nuno Álvares Pereira.
A Igreja e o Convento do Carmo impunham-se pela imponência da arquitectura gótica e também enquanto centro de poder, estudo e espiritualidade. A escolha da sua localização diz muito sobre o seu fundador. Um militar prestigiado de grande visão estratégica, tão rico e poderoso quanto o próprio rei, que assim afirmava a sua posição e poder na colina em frente ao Castelo. Esta obra não foi fácil, devido às difíceis condições do terreno, mas a perseverança do seu fundador associada à introdução de novas tecnologias, foi mais forte.
Séculos mais tarde, em 1755 o terramoto que abalou a cidade de Lisboa atingiu com violência estes edifícios, principalmente a igreja. A sua reconstrução ainda foi iniciada mas acabou por ser interrompida devido à extinção das Ordens Religiosas em 1834. O gosto Romântico característico do séc. XIX optou por manter as ruínas góticas como memorial da catástrofe.
Em 1801 a Guarda Real da Polícia ocupou as instalações da parte abandonada do convento transformando-o em quartel. A sua localização estratégica não terá sido alheia a esta escolha já que se encontrava no epicentro da reconstrução da cidade e daqui se avistava uma área muito significativa dos arredores.
A partir de 1868 tornou-se Comando Geral das Guardas Municipais de Lisboa e do Porto; Guarda Republicana em 1910 e Guarda Nacional Republicana em 1911, mantendo-se desde a República até aos nossos dias como Comando Geral da GNR.
O Museu da GNR
O Museu da GNR, aberto desde Maio de 2015, não pertence à categoria dos museus mais conhecidos dos turistas e do público em geral.
Mas este original museu que apenas ocupa 450m2 consegue transportar o visitante, através de um circuito expositivo com excelente organização do espaço, para uma outra dimensão histórica. Este projecto, levado a cabo pelo Comando da GNR através da Divisão de História e Cultura da Guarda com a colaboração do arquitecto Jorge Cid, apela aos sentidos através da cor, da luminosidade e dos sons que nos vão acompanhando.
A história da GNR está intrinsecamente ligada à história de Portugal e de Lisboa em particular. Aqui encontra um rico espólio que reúne peças de diversas tipologias do séc. XIV à actualidade, dividido em vários núcleos.
O circuito expositivo do Museu da GNR inicia-se através de um corredor iluminado de modo cénico, que nos remete para a passagem para um outro tempo. Logo encontramos referência aos três grandes temas: o fundador Nuno Álvares Pereira, a GNR e o 25 de Abril.
O Fundador, a GNR e a Revolução de Abril
A mítica figura histórica do final do séc. XIV, o cavaleiro frade Nuno Álvares Pereira, condestável do reino e posteriormente frade carmelita, beatificado e santificado tem lugar de destaque. No final da sua vida, viveu despojado dos seus bens e recolhido como frade no convento que mandou edificar, até à sua morte em 1431.
Esta controversa personalidade, herói da Batalha de Aljubarrota de 1385, foi não só o fundador do edifício que nos recebe, mas também militar distinto, ligado ao primeiro corpo de segurança do reino, o Corpo de Quadrilheiros instituído em 1383, primeiro antecessor da GNR e de todas as Polícias Nacionais.
A história e memória da Guarda Nacional Republicana e suas antecessoras está patente através de uma exposição apelativa de testemunhos como fotografias, documentos e artefactos. De tudo um pouco se pode observar, uniformes, armas, condecorações, bandeiras, objectos artísticos, viaturas, instrumentos musicais ou objectos do quotidiano.
Neste espaço pode observar objectos ligados à extinta Guarda Fiscal, instituição centenária que foi integrada na GNR em 1993 e objectos particularmente curiosos ligados à investigação criminal dos anos 50 do séc. XX, assim como, a reconstituição de um posto da GNR e uma sala de aula destinada à formação e alfabetização dos militares.
De destacar ainda duas pequenas salas, simulações de uma trincheira da I Guerra Mundial e de uma mina de volfrâmio de 1939-1945, imagens emblemáticas dos diferentes papéis de Portugal nos dois grandes conflitos internacionais do séc. XX.
Estão ainda presentes as novas valências nacionais e internacionais da GNR no Portugal democrático. Contudo, o Serviço de Censura que aqui funcionou, desde a sua criação em 1926 até 1934, e todo o período negro da ditadura marcado pela violência e repressão, encontram-se aqui abertamente representados.
O 25 de Abril está presente através de peças emblemáticas das quais destacamos elementos da farda do Capitão Salgueiro Maia, um dos principais protagonistas da revolução e a poltrona onde Marcello Caetano aguardou, no final do dia, o desenrolar dos acontecimentos.
Visitas Guiadas
Mediante marcação prévia o Museu da GNR disponibiliza-se para efectuar visitas guiadas para grupos e a possibilidade de aceder ao Salão Nobre e à espantosa varanda de onde pode usufruir de uma vista privilegiada sobre o Rossio, numa panorâmica da Colina de São Roque ao rio Tejo.
Não há desculpa para não dar um salto ao Carmo e descobrir este fascinante museu!
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