5 Painéis Cerâmicos Relevados em Lisboa. Painel do Edifício Caleidoscópio, no Jardim do Campo Grande de Maria Emília Silva Araújo.

5 Painéis Cerâmicos Relevados em Lisboa

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Nos 5 painéis cerâmicos relevados que seleccionámos observa-se a utilização de cores fortes e/ou contrastantes e uma plasticidade que resulta da união entre a escultura e a azulejaria clássica.

A azulejaria portuguesa destaca-se há vários séculos no mundo pela sua monumentalidade, sentido cenográfico e características cromáticas. Assim como, pela presença do cruzamento das várias artes e ainda pela originalidade da sua aplicação que estabelece uma relação com o próprio espaço.

O azulejo tradicional consiste numa placa de cerâmica quadrada lisa mas não podemos esquecer os azulejos de corda seca ou aresta do séc. XVI que tinham relevo. Uma saliência cerâmica que permitia que as tintas de diferentes cores não se misturassem.

Também no séc. XIX, estiveram em voga azulejos relevados muito interessantes que geralmente apresentavam motivos florais coloridos ou monocromáticos, com particular destaque para os da autoria do multifacetado artista Rafael Bordalo Pinheiro. 

O séc. XX será marcado pelo modernismo que inovou criando rupturas estéticas nas artes. A nível da cerâmica Querubim Lapa foi um dos mais relevantes artistas deste período, desenvolvendo importantes trabalhos de que já lhe falámos em  7 Obras de Cerâmica de Querubim Lapa em Lisboa.

Quanto aos painéis cerâmicos relevados que lhe trazemos hoje inserem-se neste contexto e são da autoria de destacados artistas contemporâneos portugueses.

Dos 5 painéis há um do qual desconhecemos a autoria.

Será que nos vai poder ajudar?…

Os Painéis Cerâmicos Relevados Seleccionados 

O conjunto de painéis que aqui apresentamos foi executado entre os anos 60 e 90 do séc. XX e localizam-se em diversas zonas de Lisboa. 

Faça uma visita guiada às zonas históricas de Lisboa e conheça locais imperdíveis desta magnífica cidade.

Miradouro do Panorâmico de Monsanto (1965)

5 Painéis Cerâmicos Relevados em Lisboa: painel no Miradouro do Panorâmico de Monsanto da autoria de Manuela Madureira. Numa alternância de elementos bidimensionais e relevos, estão representadas formas abstractas, figuras e cenas relacionadas com a cidade de Lisboa, como os barcos, intimamente ligados ao Tejo. As cores utilizadas são predominantemente tons de azul em contraste com ocre, castanho e laranja.
Painel de Manuela Madureira, no Miradouro do Panorâmico de Monsanto

Este primeiro dos cinco painéis cerâmicos relevados é da autoria de Manuela Madureira (1930).

Pode ser visto no Miradouro Panorâmico de Monsanto, um espaço reaberto recentemente ao público, após um longo período de abandono.

O edifício, inaugurado em 1968, foi concebido como Restaurante Panorâmico e chegou a ser um dos mais luxuosos da capital. Apesar do seu estado de degradação, é hoje um local de realização de eventos e festivais de música e arte e daqui alcança-se uma vista privilegiada de quase 360º sobre Lisboa.

No seu interior conserva-se o painel com mais de 60m2 de área, formado por placas irregulares de cerâmica. Numa alternância de elementos bidimensionais e relevos, estão representadas formas abstractas, figuras e cenas relacionadas com a cidade de Lisboa, como os barcos, intimamente ligados ao Tejo. As cores utilizadas são predominantemente tons de azul em contraste com ocre, castanho e laranja.

Manuela Madureira frequentou a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, estudou cerâmica, escultura, pintura, desenho e gravura. Participou em variadíssimas exposições e ganhou inúmeros prémios. Tem ainda uma vasta obra pública de grande relevância espalhada pelo país.

Edifício Caleidoscópio, no Jardim do Campo Grande (1972)

Painel no Edifício Caleidoscópio, no Jardim do Campo Grande de Maria Emília Silva Araújo. Todo o painel apresenta um grande dinamismo: figuras em movimento; vibrante contraste cromático de cores quentes e frias; relevos que originam fragmentos de cor e forma, um efeito visual comparável ao produzido por um caleidoscópio.
Painel de Maria Emília Silva Araújo, no Jardim do Campo Grande

Trata-se de um painel com assinatura da ceramista Maria Emília Silva Araújo (1940). Encontra-se preservado na fachada do Edifício Caleidoscópio e faz parte de uma das obras de Arte Pública do Jardim do Campo Grande que elaborámos para si.

O Edifício Caleidoscópio, construído em 1971, era inicialmente um posto de recepção turístico. Mais tarde foi transformado em cinema e centro comercial e em 2016, através de um protocolo com a Universidade de Lisboa, foi convertido num moderno centro académico.

Maria Emília Silva Araújo nasceu em Matosinhos, frequentou o curso de cerâmica da Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto. Posteriormente continuou os seus estudos na Escola Artística António Arroio em Lisboa, onde foi aluna do destacado ceramista Querubim Lapa.

Trabalhou com grandes mestres na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, onde este painel de cerâmica foi executado.

Todo o painel apresenta um grande dinamismo: figuras em movimento; vibrante contraste cromático de cores quentes e frias; relevos que originam fragmentos de cor e forma, um efeito visual comparável ao produzido por um caleidoscópio.

Av. da Liberdade (1985)

Painel no nº 144-146 da Avenida da Liberdade de Teresa Cortez. Foi executado na Fábrica Viúva Lamego e tem 6m de altura por 4m de largura. Nele estão representados dois grandes jarros, flor que simboliza paz e tranquilidade.
Painel de Teresa Cortez, na Avenida da Liberdade

No eixo central Baixa/Liberdade de Lisboa, mais precisamente no nº 144-146 da Avenida da Liberdade está localizado um painel da ceramista Teresa Cortez.

Nascida em Leiria, estudou na Escola Artística António Arroio em Lisboa, estagiou e colaborou com o mestre Querubim Lapa na Fábrica Viúva Lamego. Desenvolveu uma carreira relevante com presença em inúmeras exposições individuais e colectivas e ganhou prémios, nomeadamente, na área de trabalhos de cerâmica integrados em projectos de arquitectura.

Este painel cerâmico relevado de que lhe falamos hoje é uma das suas obras distinguidas. Recebeu, em 1985, o 1º Prémio Municipal de Azulejaria promovido pela Câmara Municipal de Lisboa. 

Foi executado na Fábrica Viúva Lamego e tem 6m de altura por 4m de largura. Nele estão representados dois grandes jarros, flor que simboliza paz e tranquilidade.

Avenida Infante Santo (1994)

Painel na Avenida Infante Santo da autoria de Eduardo Nery. A utilização de placas cerâmicas de três tons de cor de laranja em forma de cunha possibilita várias disposições das mesmas. Ao conjugar com o reflexo da luz e a posição do observador permite criar efeitos visuais ímpares.
Painel de Eduardo Nery, na Avenida Infante Santo.

Trata-se de um painel cerâmico do artista plástico Eduardo Nery (1938-2013) criado no âmbito da Lisboa 94, Capital Europeia da Cultura e executado na Secla Cerâmicas, sob a coordenação da Fábrica Aleluia.

Localiza-se na Av. Infante Santo, onde se encontram quatro outros painéis, estes de azulejo com assinaturas de Maria Keil, de Carlos Botelho, de Alice Jorge e Júlio Pomar, e de Sá Nogueira.

A abordagem plástica do painel relevado de Eduardo Nery é diferente de todos os outros referidos neste artigo.

A utilização de placas cerâmicas de três tons de cor de laranja em forma de cunha possibilita várias disposições das mesmas. Ao conjugar com o reflexo da luz e a posição do observador permite criar efeitos visuais ímpares.

Eduardo Nery, artista multifacetado, formado em pintura pela Escola de Belas-Artes de Lisboa, tem relevantes trabalhos em muitas áreas artísticas, como: pintura, fotografia, vitrais, cerâmica, tapeçaria e inclusivamente calçada portuguesa… São inúmeras as suas obras de arte pública, em Portugal e no estrangeiro.

Praça de Alvalade

Painel na Praça de Alvalade. O grafismo ondulante que observamos é criado não só pelos traços e cores, mas também pelas próprias placas cerâmicas. Estas são cortadas de modo a formar curvas e contracurvas perpendiculares à composição que nos remete para um elemento orgânico em movimento.
Painel na Praça de Alvalade

A missão da getLISBON é também dar a conhecer aos seus leitores peças anónimas que muitas vezes passam despercebidas.

Deste painel cerâmico localizado no nº4 da Praça de Alvalade, junto à entrada de uma agência bancária, desconhecemos a autoria e a data.

Mas está integrado num prédio projectado, nos anos 60 do séc. XX, por Ruy Jervis d’Athouguia (1917-2006), um dos arquitectos responsáveis do edifício-sede da Fundação Calouste Gulbenkian, uma obra de destaque internacional.

O grafismo ondulante que observamos é criado não só pelos traços e cores, mas também pelas próprias placas cerâmicas. Estas são cortadas de modo a formar curvas e contracurvas perpendiculares à composição o que nos remete para um elemento orgânico em movimento.


Para além destes painéis cerâmicos relevados, Lisboa está repleta de muitas outras obras cerâmicas de diferentes épocas, estéticas e abordagens que, com certeza, vamos continuar a divulgar.

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