Tipologias de Placas Toponímicas de Lisboa; Rua Augusta

Tipologias de Placas Toponímicas de Lisboa

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Já reparou que existem várias tipologias de placas toponímicas em Lisboa? Sabia que estas têm histórias e curiosidades para nos contar? Vamos mostrar-lhas! 

Sem dúvida que a toponímia, estudo linguístico e histórico da origem dos nomes dos lugares ou ruas, é uma área muito interessante que nos revela informações preciosas e surpreendentes sobre sítios e localidades.

Mas neste artigo vamos falar-lhe não dos topónimos mas dos seus suportes, verdadeiros documentos que encerram aspectos interessantes da história de uma cidade.

Faça uma visita guiada às zonas históricas de Lisboa e conheça locais imperdíveis desta magnífica cidade.

Leia também Originais Placas Toponímicas em Lisboa.

A Evolução de Tipologias de Placas Toponímicas de Lisboa

Durante séculos os nomes de ruas e lugares foram transmitidos oralmente de geração em geração. Os topónimos eram espontâneos, tinham origem directamente nas vivências de uma população, reflectiam a sua relação com o espaço e o crescimento urbano.

Até que, em 1760, durante a reconstrução da cidade após o terrível terramoto de 1755, foi publicada a primeira Portaria que atribuiu oficialmente denominações às ruas da baixa de Lisboa.

Foi também nessa altura que surgiram as primeiras placas toponímicas oficiais. 

No entanto, ao longo dos tempos, observou-se o aparecimento de diferentes tipologias de placas toponímicas em Lisboa.

Vamos então ver quais os principais modelos, que podem ser encontrados nesta cidade das sete colinas e as características de cada um deles.

Placas Gravadas nos Cunhais

Placa toponímica da Rua do Comércio: com a implantação da República, várias ruas da baixa pombalina com nomes ligados à monarquia foram substituídos, como é exemplo a Rua Nova D’El Rei que passou a designar-se Rua do Comércio.
Em cima: placa toponímica actual; em baixo: placa toponímica da época pombalina

O primeiro modelo oficial de placa toponímica de Lisboa, implementado na época pombalina, era gravado directamente nas pedras dos cunhais, sobre um campo rebaixado com moldura e cantos boleados reentrantes.

Com a implantação da República, várias ruas da baixa pombalina com nomes ligados à monarquia foram substituídos, como é exemplo a Rua Nova De El Rey que passou a designar-se Rua do Comércio.

Contudo, o primeiro modelo foi preservado e um olhar mais atento encontra-o a par das placas com as novas designações.

Os novos nomes deram também origem a um novo modelo que consiste numa placa de pedra rectangular fixada com pregos metálicos. Semelhante às anteriores na forma, foi assim concebida de modo a preservar a imagem nobre, valorizando a importância da baixa lisboeta. 

No entanto, verifica-se esta aplicação apenas em algumas das ruas principais. Os restantes arruamentos têm outra tipologia de placas de cantaria fixadas na parede, introduzidas posteriormente, de que falaremos mais adiante neste artigo.



Placas de Letras Brancas sobre Fundo Preto

Placas toponímicas de letras brancas sobre fundo preto. A utilização desta tipologia de placa toponímica concentrou-se maioritariamente nas zonas de Alfama e do Castelo, vindo a tornar-se parte integrante da identidade destes bairros históricos.
Placas toponímicas de letras brancas sobre fundo preto

No início do séc. XIX, com a necessidade de estruturar um serviço de correio e da própria organização da polícia, iniciou-se a atribuição de número de polícia às casas e a identificação dos arruamentos.

Nesse sentido, foi publicado um regulamento para pôr em prática a indicação dos nomes das ruas de forma durável e económica. Esta concretizou-se através da pintura de letreiros pretos com letras brancas, directamente no cunhal ou fachada dos edifícios.

A utilização desta tipologia de placa toponímica concentrou-se maioritariamente nas zonas de Alfama e do Castelo, vindo a tornar-se parte integrante da identidade destes bairros históricos.

No entanto, é possível encontrar uma variante introduzida já no séc. XXI, com as mesmas características, mas em azulejo, aposta ou embutida. Provavelmente foi uma solução para facilitar a manutenção das mesmas, conservando o mais possível, o aspecto gráfico das anteriores. 

Esta solução contudo foi descontinuada e segundo informação disponível, as placas pintadas serão repostas à medida que se verificar a necessidade da substituição das de azulejo.

Placas de Azulejos Brancos com Filete e Letras Azuis

As placas de azulejos brancos, com filete e letras azuis, foram largamente aplicadas a partir dos anos 30, em várias áreas, como: Campo de Ourique, Bairro Alto e Bica.
Placa toponímica de azulejos brancos com filete e letras azuis

As placas de azulejos brancos, com filete e letras azuis, foram largamente aplicadas a partir dos anos 30, em várias áreas, como: Campo de Ourique, Bairro Alto e Bica.

Nos anos 50 o uso deste tipo de placas estendeu-se aos bairros sociais do Alto da Ajuda e Caselas.

Para além das localidades acima referidas, está presente em outros pontos muito distintos da cidade, como: Alfama, Bairro da Encarnação ou Bairro do Arco do Cego. 

Placas de Cantaria

Dois tipos de placas de cantaria, ambas de lioz com letras gravadas, pintadas a preto. A diferença entre elas é essencialmente na forma e no modo de aplicação: uma é fixada na parede com pregos metálicos e a outra é assente sobre um pilar.
Placas toponímicas de cantaria

A partir dos anos 40 do século passado, para além dos modelos já mencionados, existem dois tipos de placas de cantaria, ambas de lioz com letras gravadas, pintadas a preto.

A diferença entre elas é essencialmente na forma e no modo de aplicação: uma é fixada na parede com pregos metálicos e a outra é assente sobre um pilar.

Este último modelo teve maior uso nas áreas de expansão de Lisboa, onde passeios largos, extensos estacionamentos e grandes espaços ajardinados, impedem a colocação de placas toponímicas em edifícios ou a uma distância que permita a boa leitura das mesmas.  

É de salientar ainda um outro aspecto referente a estes modelos. A partir dos anos 80 do séc. XX passou a ser regular, a incorporação de legenda quando o topónimo dizia respeito a uma personalidade. Esta refere aspectos relacionados com a área de actividade ou destaque do homenageado, assim como, as suas datas de nascimento e falecimento.

Quanto ao modelo de cantaria fixado nas fachadas, este é o mais utilizado das tipologias de placas toponímicas de Lisboa, constituindo uma das marcas identitárias da cidade.

Placas com Bordadura

Placa toponímica com bordadura. Este modelo, entretanto descontinuado, destinava-se a arruamentos novos ou cujo topónimo tinha sofrido alteração.
Placa toponímica com bordadura

Apesar de coexistirem já várias tipologias de placas toponímicas, na década de 80 surge ainda a de azulejo com bordadura a preto e branco, referência cromática heráldica, e a barca com os corvos, símbolo da cidade de Lisboa.

Este modelo, entretanto descontinuado, destinava-se a arruamentos novos ou cujo topónimo tinha sofrido alteração.

Actualmente pode ser encontrado, em grande número, no bairro de Caselas na zona ocidental de Lisboa. 

Placas Parque das Nações e Similares

Placa toponímica do Parque das Nações. As suas placas toponímicas têm um design próprio, acompanhando o desenvolvimento do urbanismo e da arquitectura. São placas azuis em poste de alumínio que convivem com as de sinalização.
Placa toponímica do Parque das Nações

Com a Exposição Mundial de 98, Lisboa sofreu uma grande transformação. Após a realização deste evento a zona oriental da cidade passou de uma área degradada para um espaço residencial e de lazer surpreendentemente agradável, hoje o Parque das Nações.

As suas placas toponímicas têm um design próprio, acompanhando o desenvolvimento do urbanismo e da arquitectura. São placas azuis em poste de alumínio que convivem com as de sinalização.

Numa outra zona de expansão, a Alta de Lisboa, verifica-se a utilização de placas semelhantes às do Parque das Nações.

E recentemente, ao longo da Av. da República também surgiu uma variante destes modelos.


Como pôde constatar este equipamento urbano, apesar de parecer um pormenor dentro de uma cidade, acompanha a sua evolução, marca diferentes épocas e  caracteriza zonas e bairros distintos.

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